1. |
Canção dos Contrários
03:14
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Tem calma,
recosta
se não dormes,
ficas maldisposta
Livra-te
dos sonhos
mal esquecidos pela razão
nas traseiras do coração
Deixa arder sem culpa
que o caos é uma ordem por decifrar
O fogo
aguarda
enquanto se ergue
um novo promissor
Derrete-me, meu amor,
derrete
Devolve a dor a quem doer
dá-lhes razão de ser
Deixa arder sem culpa
que o caos é uma ordem por decifrar
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2. |
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Desculpa perfeição
não te reconheci
com o fardo do mundo
nos teus olhos
Sabendo nós
que os afectos
são pequenos fetos
de emoção
Tanta vitória numa só
Ser sem espaço
Sair da ubiquidade
Para o momento
Escolhes a abnegação
mas não sei se o céu é para ti
Sabes que adorarão
as tuas raízes
Tanta vitória numa só
Ser sem espaço
Sair da ubiquidade
Para o momento
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3. |
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O meu instinto entorpeceu,
o meu em breve estarei lá
pode ficar para amanhã
porque o futuro não tem lugar,
o que nunca foi ocupa menos espaço,
o que eu não faço para não ter que fazer.
Quem te bote uma mão quando passar a vertigem,
quem te ampare quando o mundo for vão.
Lembro-me do pai Pinto me fazer um pedido
e mesmo sendo incapaz tentarei vê-lo cumprido:
tomar conta da Leta sem saber em que dias.
Ias na seta do tempo e sei que olhaste para trás.
Quem te bote uma mão quando passar a vertigem,
quem te ampare quando o mundo for vão.
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4. |
Dedos
04:34
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Querias ter a nomenclatura de ter,
querias saber se eu vou ceder
mas eu não te sei dizer.
Não tenho o que esquecer
e troco o meu melhor
pelo que puderes ser.
Mas meu amor, isto não é dor,
isto é sofrimento,
meu passatempo, teu divertimento.
A fingir é que a gente se entende
que o sentido é uma memória.
És o teu próprio pai.
Um arbitrário improviso da percepção,
É boa fé da imaginação,
lembremos então
que o sentido é apenas uma memória.
Preciso que me digas que sou boa pessoa
de modo a poder voltar a ser
uma merda em paz,
que engane e que doa bem
no faz de conta que não se é ninguém.
Mas minha flor, isso não é amor,
essa paixão forreta,
que imposturice, cona-borboleta.
A fingir é que a gente se entende
que o sentido é uma memória.
És o teu próprio pai.
Um arbitrário improviso da percepção,
É boa fé da imaginação,
lembremos então
que o sentido é apenas uma memória.
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5. |
Sorrisos Secretos
04:47
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Quiseste conquistar a aparência de um bem, bem sei.
Só mais um meio para conseguires provavelmente ser inteira
e dormir um sono decente.
E o bem deu voz à memória ainda quente
de um abraço com propriedade.
Obrigado, meu amor, perdoa-me e sorri ante a causa da sorte.
Amanhã selarei em ti a parte de trás de um suspiro,
serás também o meu vazio, o meu retiro.
Tentarei moldar um rosto na tua alma,
tentarei forçar uma rima na palma de uma mão tua,
ou talvez na barriga.
Uma rima bonita, talvez consiga.
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6. |
Que Cena
03:18
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Eu sou um cão que fuma, que cena,
leviano, só quero atenção,
tinhoso, não tenho direcção,
só ando aqui por ver os outros andar.
Eu sou um cão que fuma levado
na espuma dos dias, na bruma
das noites, sabias que
mais vale uma na mão do que
oito a fazer sentido.
Tenho boas histórias,
mas já são antigas.
Fiquei num outono esquecido,
desfalecido carmesim,
há mil e uma ideias atrás,
a cento e vinte juventudes à hora.
Eu sou um cão que fuma levado
na espuma dos dias, na bruma
das noites, sabias que
mais vale uma na mão do que
doze a fazer sentido.
Tenho boas histórias,
mas já são antigas,
não é feitio, é o meu defeito,
trago coisas velhas no peito
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7. |
Pior que Estragado
02:36
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Menos mal
é quase melhor,
e ainda bem,
nada mau.
E é tão bom
não ter o que esquecer,
que o mais certo é estar errado
e ficar
Pior que estragado.
Nunca pior,
cá estamos,
vamos indo.
Nada melhor que um mais ou menos
Se fosse sempre bom
não ia saber tão bem
e é pra custar e ficar
Pior que estragado.
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